Conferência KNX
e Segurança de Redes

A Associação KNX Portugal realizou uma Conferência sobre Segurança de Redes Inteligentes em edifícios no dia 25 de outubro de 2019, a qual decorreu integrada na Cerimónia de entrega dos Prémios KNX Portugal 2019, no âmbito da DECORhotel, feira dedicada aos Hotéis que aconteceu na FIL.

Dois oradores convidados, Nuno Gaspar e Miguel Soares, falaram de riscos e desafios que se colocam nas redes dos edifícios, incluindo Hotéis, e da crescente necessidade de os utilizadores usarem medidas de segurança.

Numa apresentação focada na cibersegurança, Nuno Gaspar elencou os pontos necessários para manter seguras as redes inteligentes em edifícios, assumindo que os ciberataques “demoram, em média, segundo alguns estudos, 90 dias a serem detetados na sua verdadeira extensão e em alguns casos podem decorrer até seis meses a detetar uma fuga de informação.”

“A questão já nem é saber se somos atacados, mas sim assumir que algum dia vamos ser vítimas e, nessa medida, trabalhar para prevenir e detetar eventuais intrusões e perceber o propósito destas. Até 2022 vamos ter um fluxo de dados 100 vezes superior ao que processamos e tratamos hoje, daí a necessidade de minimizar a visibilidade da presença na Internet e, claramente insistir na formação, que é a principal área onde fazer a pedagogia da minimização dos riscos”, referiu o orador.

“Formação, separação física dos processos em camadas de serviços, conhecimento dos equipamentos instalados, auditorias regulares e um plano de resposta a incidentes” são medidas essenciais para limitar o risco de intrusão nos sistemas”, salientou Nuno Gaspar.

Miguel Soares centrou a sua intervenção na segurança das redes inteligentes KNX e, em particular, nos custos da ‘não segurança’.

“Os sistemas têm-se desenvolvido motivados pela procura, para satisfazer o conforto das pessoas, a eficiência energética no caso dos edifícios e também para reduzir custos de exploração. E tudo isto com a necessidade de acautelar a segurança. Por outro lado, as redes 5G vão trazer maior amplitude para a mobilidade e maiores exigências”, salientou o orador.

“Sendo ainda o KNX uma das ligações mais seguras, a massificação da ligação à Internet torna fundamental a Internet das Coisas (IoT), a partilha de dados que nos vai permitir subsistemas a atuar automaticamente, seja na energia, no tratamento de resíduos, no abastecimento de águas ou na gestão do trânsito. Tudo estará ligado, o KNX terá o seu papel nesta definição mas nunca será o produto que compramos na Internet ou nas prateleiras de um supermercado, pois esse é um mercado de massas. No segmento residencial, o KNX continuará a estar associado a um mercado diferenciado, que procura suporte profissional e que não está disponível para executar ele próprio as suas soluções. E quando falarmos de soluções para os mercados comercial ou industrial, em momento algum sairemos das soluções profissionais, vamos procurar produtos cada vez mais certificados, padronizados e interoperáveis, que utilizam uma API específica do sistema e não específica do produto”, acrescentou Miguel Soares.

Para Miguel Soares, permanecem não negligenciáveis os custos da “não segurança”: “O hacker que ataca a nossa instalação ou o nosso hotel pode ser um terrorista ou um vândalo, mas também pode estar sentado ao nosso lado, no caso de ser um concorrente que quer prejudicar-nos o negócio, desligando os sistemas e apagando o nosso edifício. E, no fim, tudo isto tem um custo.”

“Para um hotel de 5 estrelas de média dimensão, com cerca de 200 quartos e uma diária a rondar os 167 euros, cada noite fechado implica um prejuízo superior a 22 mil euros. Num cenário relativamente ‘bondoso’, com dois dias de encerramento para programação dos equipamentos e sistemas atacados, são 45 mil euros de custos diretos simples, mais o realojamento dos hóspedes num hotel equivalente, os custos de imagem e comerciais completamente imprevisíveis. A conta já supera os 100 mil euros e estamos a falar num cenário menos grave. Caso seja necessário substituir equipamentos, a fatura agrava-se”, referiu o orador.

“E quem vai pagar? O fabricante? Duvido, os equipamentos estão certificados. O projetista? Aqui já tem que tomar cuidado, assinou o projeto. Mas será que especificou o necessário? O instalador assegurou todas as regras de segurança ficaram registadas? E o integrador? Alguns sim, outros não. O gestor de manutenção fez o seu trabalho? Foi verificando a instalação? Resta encontrar o que será o ‘elo mais fraco’. Certo é que a segurança não tem custos e é da nossa responsabilidade”, concluiu Miguel Soares.

Falando sobre o enquadramento do evento KNX na DECORhotel, Fernando Ferreira, Presidente da KNX Portugal, considerou que, “sendo verdade que estamos num mundo 4.0, em transformação rápida e com uma assimilação digital exponencial, a KNX quis motivar a consciencialização de que a adoção das tecnologias importa riscos e que esses riscos devem ser ponderados.”

“Não devemos temer a adoção das tecnologias, mas tudo deve ser feito com ponderação de segurança. Esse foi o ponto principal que quisemos trazer a esta conferência. Ao longo dos anos temos promovido a adoção da tecnologia, mas a questão da segurança não está ainda devidamente trabalhada no mercado e é muito relevante nesta altura, para mais estando a falar em hotelaria, onde há acesso público e, quer os processos de gestão do negócio, quer o bem-estar dos clientes, têm que decorrer em atmosfera segura”, concluiu Fernando Ferreira.

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